quarta-feira, 15 de abril de 2009

Fantasia se misturando com a realidade.

Existem certos momentos em que eu penso que tudo na minha vida não passa de um pesadelo ou um sonho muito mal feito, uma brincadeira de mau gosto que alguém faz comigo ou eu faço comigo mesma. Eu tento acordar, faço de tudo pra sair daquele intenso transe no qual permaneço e não consigo, como se algo mais forte me impedisse de fazer isso. Como se eu tivesse perdido o poder de realizar minhas próprias vontades, minha força de mover as pernas, e até mesmo o pensamento.

A mágica de bater três vezes os calcanhares na tentativa desesperada de se transportar a uma dimensão menos cruel, para "além do arco-íris", não funciona tão bem como nos filmes... Quem me dera a vida aqui fora fosse como à das telas. No final, eu estou caindo num poço sem saída, numa estrada sem volta e o tempo é curto demais pra voltar atrás; eu estou num close pro fim, mergulhando e me afogando num rio de lágrimas que eu mesma deixei cair. Me sinto frágil, pequena. Vou citar dois dos meus filmes favoritos em relação a isso; falar um pouco sobre eles. "Wizard of Oz" e “Alice in Wonderland”.

No primeiro, após um tornado em Kansas, Dorothy vai parar com sua casa e seu cachorro na fantástica Oz, onde as coisas são coloridas, bonitas e mágicas. Porém, o seu maior desejo é retornar de volta para casa, para isso ela deve encontrar um mágico, que lhe mostrará como realizar esse seu desejo. Para chegar até ele, contudo, Dorothy, juntos com seus três novos amigos, viverá uma aventura inesquecível através do caminho de tijolos amarelos.


É fato que eu daria de tudo para que esse mágico existisse e me indicasse que direção e sentido tomar. Mas se pensar bem, tudo perderia a graça. Não tem lógica você já saber a o que está predestinado, a diversão é percorrer o tal caminho de tijolos amarelos e se arriscar, até descobrir no que vai dar o final dele. A maior defesa contra lógica é a estupidez. Por isso não devemos ter medo de se arriscar, de ser estúpido, nunca. Mesmo que o resultado sejam más consequências, saiba que você perdeu, mas tentou. E só por isso já é vitorioso(a). Como diz num mini-texto que eu adoro:

"Rir é correr risco de parecer tolo. Chorar é correr o risco de parecer sentimental. Estender a mão é correr o risco de se envolver, expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu. Defender seus sonhos e idéias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas. Amar é correr o risco de não ser correspondido. Viver é correr o risco de morrer. Confiar é correr o risco de se decepcionar, tentar é correr o risco de fracassar. Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada. Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada. Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem. Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade. Somente a pessoa que corre riscos é livre."

xxx


- "Eu só queria saber que caminho tomar..." disse a pequena menina ao Gato.
- "Isso depende do lugar onde quer ir." Respondeu o Gato Risonho.
- "Realmente não importa."
- "Então não importa que caminho tomar."

Um dos trexos mais perfeitos que já vi num filme.
Alice é menina curiosa e cansada de seu mundo monótono. Após seguir um coelho de colete e relógio, embarca em uma aventura por um mágico mundo cheio de figuras inusitadas. Tentando encontrar o coelho, acaba conhecendo diversos personagens marcantes e se envolve em grandes confusões. A personagem passa boa parte do filme procurando incansavelmente pelo coelho de óculos ovais e seu relógio de ouro, até que se perde e encontra um mundo de fantasias, sua própria utopia virando realidade.

Ah... Como é bom sonhar acordado, um sonho bom, um sonho vívido e só seu. Uma pena que sempre te acordam na melhor parte.
Acho que me identifico mais com a Alice, mas no meu caso o coelho seria... Respostas. Respostas para todas as dúvidas que me perseguem e fazem eu me perder no meio do caminho em busca delas. De fato, as pessoas se alegram em ser iludidas e de terem o poder de criar seus próprios universos, onde tudo é colorido, tudo é feliz e nada de ruim pode acontecer. É a famosa liberdade. Porém, a liberdade é como uma droga qualquer: em excesso pode fazer mal, e até mesmo levar á loucura.


Em algum momento eu fico cansada; cansada de tentar mentir pra mim mesma e pros outros, e acabo sendo sincera ao extremo. Me arrependo e percebo que vale ser honesta, mas vale ser falsa também, tudo é um equilíbrio constante entre o bem e o mal, o certo e o errado, o bom e o ruim. Apesar da vontade de ver uma verdade que talvez não exista, eu fecho meus olhos e durmo de novo, me tranco numa sala fechada chamada consciência, e só saio de lá quando acho necessário. Eu fico sem saber o que fazer, pra onde ir, com quem falar. Eu não confio mais em ninguém pra desabafar, contar meus segredos. E agora? Se não posso confiar nos outros, em quem vou confiar? No que ou em quem vou acreditar que pode fazer eu me sentir segura? Ás vezes começo a pensar que nada mais faz sentido, que eu estou perdendo a noção das coisas.
No meio da multidão eu fingo que nada acontece, tudo são risos, flores, e alegrias. Me sinto presa dentro de uma caixa que nunca se abre pra nada nem ninguém, me sinto encurralada e claustrofóbica.

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