quarta-feira, 1 de julho de 2009

Meu porto seguro.


Depois que perdemos alguém, como faz pra lidar com a saudade? Quem criou a saudade não sabia o que era amor. Não aguento mais essa falta que eu sinto de você. Do seu abraço, dos seus conselhos, de como só você sabia me confortar e me por na direção certa todas as vezes que eu errava. Das noites em que você me contava histórias sobre o seu passado, antes de eu ir dormir, e me fazia um cafuné que só você sabia fazer. Sinto falta das brigas também, dos dias em que você perdia a paciência, explodia de raiva e passava dos limites com palavras pesadas. Tudo isso para que num instante seguinte você tentasse se redimir do exagero de ter gritado comigo.
Não nego que falei besteiras demais e só agora percebo como tudo isso foi uma mera perda de tempo. Eu devia ter pedido pra você ficar. Não podia ter me permitido deixar você partir... Infelizmente isso estava fora do meu alcance e era questão de dias pra que tudo tivesse um fim e assim se iniciasse um novo começo. Uma nova vida sem você.

Eu só me dei conta de que você tinha ido embora semanas depois, meses depois... É que é tão bom se enganar de vez em quando. Fingir que nada aconteceu, que tudo foi um pesadelo, um daqueles no qual eu chamava você no meio da madrugada, pedindo socorro. E você como sempre, corria pra me salvar não importasse aonde eu estava, não importava a distância. Nem que você tivesse que enfrentar junto comigo os perigos da noite, os monstros imaginários, eu sei que você estaria lá.

É díficil levantar todo dia de manhã e perceber que você não está lá pra me dar um suave "bom dia". Pra chegar até mim e dizer: "Não esqueceu nada né? ótimo! então bom dia." Porém, eu tinha sim me esquecido de algo, do simples: "Bom dia pra você também, er... EU TE AMO."
Por que com você eu não conseguia falar claramente essas três palavras? é como se toda vez que eu tentava, meu estômago embrulhasse e eu simplesmente ficasse muda. Sempre me escondia, como se tivesse com medo de te falar isso. Mas dizer "Tchau. Até mais. Adeus" eu SEMPRE soube dizer. Alguns falam que essas palavras são muito complexas e mesmo assim, nunca errei ao quase soletrar elas.
Era como se eu não esperasse que algo de ruim fosse acontecer, mesmo sabendo que ninguém dura pra sempre. A validade um dia acaba, e você fica desgastado. Até que é jogado fora. Tudo tem seu tempo, não só os objetos ou alimentos; as pessoas também. Seria estranho se fóssemos imortais, mas teria um lado positivo. Imagine? Ficar com as pessoas mais queridas, eternamente? De fato um paraíso, de fato um sonho, e apenas isso.

Lembro que quando pequena, você era meu favorito. O número 1, o melhor do universo. Quando você me colocava nos seus ombros eu sentia que podia voar, eu era capaz de fazer QUALQUER coisa. Tudo parecia tão mais bonito lá de cima, colorido, diferente, cheio de vida. O modo típico da visão de uma criança feliz. Eu não queria descer nunca, eu me sentia segura. Você nunca me deixaria cair, eu sabia disso. E se por distração eu fosse ao chão, você me agarraria com força antes de eu tocar a terra fria. Me levantaria e me colocaria sobre seus ombros de novo, me levando a voar novamente. Você sempre cuidou de mim como um verdadeiro protetor deve ser. Era o meu porto seguro.

E agora que me perdi? O que fazer pra me encontrar de novo, achar meu rumo e seguir em frente? Afinal, sempre fui tão dependente da sua presença e das suas escolhas sobre o que seria melhor pra mim. Você se foi e eu não te sinto mais aqui. Não lembro mais como era o seu sorriso, suas lágrimas, seu olhar, seu cheiro... parece que tudo se apagou sozinho. Não é como no ínicio em que parecia que você só tinha viajado, tirado uns dias de folga. Agora sim, eu sinto a cruel, fria e dura VERDADE. E ela dói... dói demais.

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